Encontros e despedidas
Mande notícias do mundo de lá
Diz quem fica
Me dê um abraço
Venha me apertar
Tô chegando
(...)
Os meus dias têm sido rodeados de despedidas. Como eu cheguei há quase dois meses, outros chegaram há uns anos. Agora väo embora. Voltam para casa, e estäo radiantes. Ou estavam. Até chegar a hora em que, mais uma vez, se deixa a vida para trás. A vida que nasceu de repente, à forca, num país novo, como pessoas novas e língua nova - num Mundo novo. A vida que foi, muitas vezes, complicada, fria, nervosa. E que nos aparece, de repente, nos últimos dias, cheia de amigos e momentos, cheia de gavetas que näo se querem esvaziar - e näo há alternativa. Muda tudo outra vez.
Todos os dias é um vai-e-vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
Nos últimos tempos, tenho partido e voltado com frequência. Conheco e despeco-me de muitas pessoas. Sempre disse (na minha curta existência) que näo gostava de mudancas. Agora, a minha vida é composta de mudancas - como o Mundo. Näo tenho escolha.
E assim, chegar e partir
São só dois lados
Da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro
É também despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a vida
Por enquanto, vou ficar por aqui. Fica um pé em Portugal, mas tudo o resto em Copenhaga. Näo sei para onde vou a seguir. Mas as despedidas näo väo acabar. Fica o conforto de, em Portugal, as despedidas nunca serem definitivas. (E de näo ser Australiana, isso é que näo havia de ser nada fácil - voos intermináveis para o Mundo).
M. Nascimento E F. Brant, cantado por Maria Rita
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