Vista de fora

Durante o longo e ponderado processo de decisäo de datas, percursos e destinos, aparece um convidado Australiano para trabalhar connosco durante duas semanas. Prestigiado cientista, está a ser pago a preco de oiro por um período limitado de colaboracäo num projecto qualquer que näo me diz respeito. Em jeito de respeito à fama que, como Australiano, transporta, é bem, bem simpático. Como deslocado-de-terra-mäe que se preze, é bem, bem orgulhoso do seu país.

Este meu novo calega ficou todo entusiasmado com a nossa viagem. De bom grado se prontificou a fazer as suas sugestöes. Vai daí, durante todo o dia - e permitam-me acrescentar que chegou há dois dias e que, por isso, por aqui vai andar durante mais (quase) duas semanas - tem aparecido a cada 15 minutos no gabinete da futura-viajante (entenda-se: eu) para entregar mapas, páginas da internet, links e tudo o que apareca, parado em todos os cruzamentos e curvas do escritório para fazer mais uns acrescentos e, nos entretantos, publicitado muito muito muito a sua terra. Nada de surpreendente. Acima de tudo, nada que eu näo faca com regularidade. Pensando bem sobre o assunto, fala tanto da Austrália e seus milhares e milhares de kms como eu da centena e meia de costa que separa Porto Côvo se Sagres. Pior: ele fala comigo e eu falo com todos os indivíduos com quem me cruzo, Portugueses incluídos. Vai-me passando pela cabeca que falo demais...E assim caí em mim: modera a publicidade, Sara, modera.