sexta-feira, dezembro 02, 2005

Este näo é um post triste

O aniversário foi há uns dias e, porque me pareceu de quase-mau-gosto festejar a sua morte, näo comentei, näo escrevi sobre, näo partilhei poemas. Mas este näo me sai da cabeca desde aí, e tenho que o tirar, por em algum sítio. O poema era do H. Foi com ele que me apaixonei pela poesia (näo só de Pessoa), e foi com ele que o despertei para a poesia. Foi, provavelmente, dos únicos poemas que ele alguma vez gostou. Sempre foi lindo, mas abstracto. De repente, passou a fazer algum sentido.


O meu coracäo quebrou-se
como um bocado de vidro.
Quis viver e enganou-se...


Fernando Pessoa
Poemas inéditos
(1919-1931)



Há muito tempo que näo leio este poema. Era capaz de dizer que há precisamente dois anos e 20 dias, mas é possível que esteja a mentir, e que, num acesso, entretanto o tenha ido buscar à prateleira. De qualquer maneira, é bem possível que a memória me traia e eu esteja - sem maldade nenhuma! - a cortar vírgulas, trocar palavras, inventar datas (näo sei bem onde fui buscar o 1919 e o 31.). Neste momento, e a milhares de quilómetros do precioso e lindo e amado livro, é o que temos.