Pela primeira vez senti o lado humano desta coisa que é ser advogada.
Volvamos ao momento do estágio e a um dia de muito calor numa Sala de Advogados do DIAP da Gomes Freire. Eu estava lá! Eu e mais não-sei-quantos-marmanjos à espera de uma intervenção, ou seja, créditos!
Nesse dia, entre muitas estórias assustadoras, apareceu um senhora alta, composta, cujo sotaque não escondia a proveniência de um país de leste.
É russa, nasceu em Moscovo, e estudou música. Há uns anos, a Gulbenkian recrutou-a para a sua Orquestra e desde então habita o nosso País.
Adoro aqui. Moscovo é muito confusa. Aqui já tenho alguns amigas, vivo com mais qualidade, tenho mar à vista, está menos fria.
Entre as aventuras de meninice na Rússia, os percalços em Lisboa, os ditos e mexericos de concertos e concertistas da Fundação e a sua tumultuosa administração, tratamos da desistência da queixa.
Expliquei com pormenor a tramitação processual penal (numa versão light, para não juristas, inserindo algumas comparações metafóricas entre uma orquestra e um tribunal, numa tentativa de tornar a nossa Justiça mais harmoniosa ou melódica).
Passados poucos dias, fui convidada para um concerto na Gulbenkian. Um gesto muito simpático de reconhecimento.
Os dias passaram-se e já lá vai quase um ano!
Ontem comprava uns CD's no Corte Inglés e alguém chamou Paaula! Fui cumprimentada com grande entusiasmo. Era Alla, a concertista da Orquestra Gulbenkian, outrora a queixosa-desistente.
Depois de mais de meia hora à conversa sobre tudo e nada, senti que o meu - parco - trabalho e conhecimento tinha sido escutado atentamente e reconhecido por alguém.
E, de repente, senti-me bem!
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1 Comments:
Mas ao mesmo tempo, confessa lá, não estás aliviada por já não seres estagiária?
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