sexta-feira, abril 20, 2007

Cidades


Café De Jaren, Amesterdäo


Adivinho que tudo se vai repetir, multiplicar. Como sinto e vivo Lisboa, a falta visceral de espacos e de momentos que, de quando em quando, me assalta. Vai acontecer o mesmo. Com Amesterdäo, com passeios pelas ruas, cafés ao sol, jantares em canais, conversas intermináveis. Aproveitamos a vida, bebemos tudo num só trago, e vamos vivendo as ausências depois. Mas, como dizia o Drummond de Andrade, ausência näo é falta. Sinto falta mas fico com a ausência. Memórias, somos feitos de memórias.


Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência, essa ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.


Carlos Drummond de Andrade