quarta-feira, abril 18, 2007

Carregar o Mundo

A cada mudanca, a cada nova vida, ganhamos dias, cidades, pessoas e bocados de nós. E a cada nova viragem, de tudo isto, fica o que carregamos no corpo. Na memória. Do resto, fica a ausência. E ainda que tudo e todos sejam visitáveis, ainda que possamos voltar sempre aos espacos onde vivem as nossas memórias, tudo tem que mudar.

Os dias estão cheios de frases. Carregar o Mundo nas costas nasce nas conversas com frequência, sempre para falar de uma vida pesada, culpada, sofrida. E de repente, em conversa, percebi que temos pensado tudo ao contrário, que andamos a usar as palavras no lugar e tempo errados, que a ideia de transportar o mundo é genial e fascinante: vou embora, mas quero levar tudo e todos comigo, levo os amigos e as palavras e os jantares e os cafés e os espacos. Levo mais um mundo que cresceu aqui, em tão pouco tempo, e ficou enorme, enorme. Mas eu consigo carregar grandes pesos. (Pesos destes, carrego a sorrir). Vou crescendo também.