quinta-feira, março 09, 2006

Dia seguinte ao Dia da Mulher

Agora que já passou já me apetece falar do Dia da Mulher. Näo sei muito bem explicar porquê, näo gosto. Tem tanto significado como outro dia qualquer. Ainda me chateia qualquer coisa na comemoracäo. Passa-me pela cabeca que sou demasiado feminista para dar importância a um dia dedicado à mulher - näo há um dia do homem. Entretanto li por aí que o Dia Internacional da Mulher foi sugerido aqui em Copenhaga, no Congresso, no início do século (XX), em jeito de homenagem a um grupo de americanas que, a 8 de Marco de 1857, se tinham revoltado contra as condicöes de trabalho na fábrica que as empregava. Faz sentido: as mulheres nunca foram tratadas da mesma forma que os homens, nunca foram iguais. E é isto que faz muito pouco sentido. E é nisto que - talvez - näo penso o suficiente. Trabalho na Dinamarca e homens e mulheres säo iguais. Mesmo em Portugal, e de täo novinha que sou, gracas-a-deus, nunca senti na pele grande discriminacäo sexual. Näo compreendo a submicäo das mulheres por vontade própria e irrita-me profundamente que se centralizem as questöes femininas na legalizacäo do aborto - porque ser a mulher a sofrer no corpo, na alma e na memória as consequências de uma interrupcäo da gravidez säo, para mim, mero acidente biológico, acaso da criacäo, fruto da probabilidade aquando da distribuicäo dos aparelhos sexuais nos primórdios da espécie. A criminalizacäo näo faz sentido absolutamente nenhum, que é como quem diz que é um monstruoso absurdo. Ainda sou contra as quotas das mulheres em parlamentos ou onde quer que seja - porque para mim é machismo também: a ideia do sexo acima da qualificacäo parece-me assustadora. Näo faz sentido näo olhar, simples e unicamente, para as qualificacöes profissionais, pessoais, sociais (tudo junto, entenda-se). Tudo isto me varre a cabeca e concluo - um dia depois do dia da mulher - que acabo por pensar muito pouco. Nenhuma destas questöes faria sentido se näo fossem (triste) realidade. Mudar de País näo me faz fugir delas.

7 Comments:

At 9:33 da manhã, Blogger Rit@ said...

Subscrevo cada uma das tuas palavras. O dia da Mulher faz-me sentir especial, no mau sentido. Como uma minoria desfavorecida e desprotegida,à qual atribuímos um dia para apelar à consciências.
Como partidária da igualdade e tendo em conta a sociedade actual, onde as mulheres assumem um papel cada vez mais preponderante e os homos se multiplicam, Homens que se cuidem e analisem bem o calendário: entre o dia da luta contra o racismo ou o dia europeu sem carros, tentem esmifrar-se lá no meio e encontrar um dia para vocês!

 
At 9:40 da manhã, Blogger sara said...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

 
At 12:04 da tarde, Blogger gAnDaMaLuKo said...

"Mesmo em Portugal, e de täo novinha que sou, gracas-a-deus, nunca senti na pele grande discriminacäo sexual"... porque não me deste tempo para isso. Mas a esperança é a última a morrer.

 
At 12:10 da tarde, Blogger sara said...

Bem que me podes tentar discriminar ou o que quiseres - sabes que sou dura e dou para trás! Näo te ligo nenhuma, é o que é.

 
At 12:51 da tarde, Blogger gAnDaMaLuKo said...

A parte do "dou para trás" soa-me bem...

 
At 2:45 da tarde, Blogger Mike said...

Não entendo tanta conversa sobre um possível dia do Homem. A realidade é que dia do Homem é quase todos os dias. Dia da mulher é quando o Benfica ganha e as mulheres não têm de apanhar em casa dos maridos.

 
At 4:22 da tarde, Blogger sara said...

Vet do Algarve: Se a tua mulher te lê a escrever estas coisas... Tanta garganta, tanta garganta.

Carlinhos: bem que te pode soar bem, que daqui só levas arrogância. Humpf.

 

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