segunda-feira, agosto 13, 2007

O mundo por cá...

A seis dias de completar os seus 87 anos a nossa Vó Lina deixou-nos.
Uma vida pesada resultou numa falência múltipla de orgãos, natural da idade...
Agora surge o arrependimento de não se ter passado mais tempo junto, de não ter deixadas escritas pela sua voz todas as histórias que sempre nos contou, mas que a nossa memória tão mais jovem já atraiçoa...
Acabaram as idas aos Olivais, fica o aperto na garganta de não ter feito mais e melhor...
8 filhos, 17 netos e 16 bisnetos.(sim,somos muitos.)
Lembrarei de não ir dormir nunca com o cabelo molhado e de que os dias crescem 1 minuto por dia.

Também a nossa Tia mais Linda não pôde mais.E a tristeza dobrou e foi ainda um pedacinho maior que isso...Porque a esperança é mesmo a última a morrer.Mas sobre os dois meses que lhe tinham dado até ao último Natal,resta o conforto de que ainda viu um neto (e dois dentes!) nascer, passou a Páscoa como não a passava há muitos anos,acreditou e finalmente deixou-se ajudar.
O sentimento deixa de ser egoísta de pensar a falta que nos fazem a nós directamente, ou a saudade que vamos sentir por cada qual, e passa a ser o reconhecimento e revivênvia de cada etapa que está para se seguir na tristeza daqueles a quem vão fazer ainda mais falta: filhos, maridos e irmãos.
Sabemos o que vão sentir e não queremos que sintam o vazio que se vai fazer sentir desde logo e sempre.
Mas ainda assim sente-se a tristeza da impotência relativa...
Nunca se aprende a lidar com a morte, mas aprende-se a gerir emoções. Surge o desejo de cuidar daqueles que já cuidaram de nós.Reconhecemos a dor que sentem e queremos ampara-la para que nunca tenha de ser como foi a nossa: ou porque já a sentimos um dia, ou até porque não a chegamos a sentir, já que alguem tratou de nós.

Contudo a angústia não termina.A juntar-se à tristeza que já por si é grande, surge o medo do que se vai fazer: será certo...será errado? Estaria de acordo, ou será uma afronta a toda uma vida dedicada?
É um caso mais grave do que a natural morte de uma mãe, mulher ou irmã...ficou alguém muito desprotegido. Alguém que toda a vida dependeu da mãe,e que agora precisa da ajuda de todos, e que ninguém sabe tratar como a mãe tratou.
Alguém que em 30 e poucos anos de vida sempre a teve e que cujas vidas pareciam uma só. Nunca viveu sem ela, e a mãe viveu para ela.

Oh, can't anybody see,
We've got a war to fight,
Never found our way,
Regardless of what they say.



How can it feel, this wrong,
From this moment,
How can it feel, this wrong.

Obrigada "melga" Prpuxa, aquela que não "desgrudou" por um minuto (e a quem nem um beijo de parabéns consegui ainda dar...desculpa)
E também a todos os outros que se preocuparam e cujos telefonemas (um, mais do que inesperado) foram reconfortantes de algum modo.

A vida é feita de momentos.Uns melhores do que os outros, é certo...Mas tudo passa e infelizmente temos mesmo de reconhecer alguns maus, para podermos dar valor a pequenas (mas tão importantes) coisas que nos rodeiam.

2 Comments:

At 9:37 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Força Amiga virtual. Os meus sinceros sentimentos.
Stone in the morning light
I feel no more,
Can I say,
From self to myself,
I got nobody on my side,
And surely that ain't right,
Surely that ain't right
Um beijo

 
At 11:20 da manhã, Anonymous Anónimo said...

Sem palavras....cheguei tarde queria ter falado contigo..n que mudasse mta coisa mas pelo menos q sentisses o meu apoio...

Beijão enorme..

SM

 

Enviar um comentário

<< Home