segunda-feira, outubro 02, 2006

Psicofisiologia do medo

Tinham uma vaga impressão de feridas húmidas por todo o corpo. Doía-lhes qualquer coisa que por enquanto não sabiam nomear. E o que doía tinha um rosto, ou continha um gesto, um perfume, evocava um corpo ou um lugar.
Mas era-lhes difícil separar os acontecimentos uns dos outros, os rostos das palavras, os corpos dos lugares. (...)

Talvez, que os rostos e os lugares fossem uma e a mesma coisa, ou afinal, só tivessem existido na imaginação de cada um.
Talvez, o que lhes doesse fosse a memória dos seus próprios corpos e, para não se deixarem morrer, outros corpos fossem incendiados nessa mesma dor.
(...) no entanto, pressentiam já que a pior dor é aquela que não se consegue nomear e, por vezes, mal se sente.

Al Berto