quinta-feira, junho 08, 2006

O Mundo

No meio de tanta gente de quem me apetece fugir, encontram-se pessoas interessantes. Uma ou outra, pelo menos. Descubro uma rapariga pouco mais velha do que eu - raro, muito raro. Tem 27 anos e também comecou o doutoramento há uns meses. Rapidamente - e felizmente - deixámos as conversas científicas para trás, e comecei a ouvir falar de viagens. Esta Sueca de ar pacífico decidiu, aos 21 anos, parar o curso. Tirou um ano para dar a volta ao Mundo. Ouvi a descricäo dos caminhos, dos países, das culturas. Do trabalho no campo em aldeias perdidas na América do Sul. De como aprendeu rapidamente a língua - porque era a única maneira de comunicar. De como viajou com uma amiga, depois sozinha, depois com novos amigos. Ouvi as razöes para ter decidido ficar mais tempo na Índia. Ouvi porque gostou do Nepal mais que de tudo. Ouvi um ano de vida como eu provavelmente nunca vou viver. E senti-me pequena. Pensei em como a nossa visäo é limitada, os nossos horizontes curtos. Achamos que queremos o Mundo, mas näo temos dinheiro para o querer inteiro. Como faz pouco sentido os nossos pais pagarem a nossa formacäo. Como é absurdo sermos dependentes por tanto tempo. E como isso muda o nosso espírito, a nossa maneira de viver...
E de repente cresco de desejos, de mudanca e de quereres. Para os filhos que vou ter, e para a vida que vou viver. Vivendo.

4 Comments:

At 1:06 da manhã, Blogger prp said...

E o caminho faz-se caminhando.

Mais do que o limite monetário, está o medo de arriscar, os limites limitados em que limitadamente acreditamos!

Beijo e boa noite.

 
At 11:49 da manhã, Anonymous Anónimo said...

...Quase que aposto a totalidade da minha (imensa) fortuna pessoal em como, algures nessa blogosfera, existe por esta hora um post em sueco que versa sobre ti e em como de pequena não tens nada...vá, talvez o tamanho.

Quem sabe também tem nome de prato típico sueco: sandwichdesalmão.blogspot?

 
At 12:04 da tarde, Blogger sara said...

Achas? Ela por acaso curtiu a vida em Cabo Verde e, mais que tudo, a vida Portuguesa. Ah, mas pormenor importante: o nome da menina! - Tove, coitadita. Antes a vida toda em Santo António dos Cavaleiros que ser "Tove de minha Graca".

 
At 10:47 da manhã, Blogger Mike said...

Isto de falar com suecos tem disto. A questão ds independência para eles é um pouco mais fácil, pois como deves saber é o estado que lhes dá empréstimos para eles poderem estudar na faculdade fora da casa dos pais. Depois quando começam a trabalhar descontam um pouco todos os meses. Assim é mais fácil. Já para não falar nos ordenados que essa gente recebe...

 

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