sexta-feira, novembro 30, 2007

Mais uma casa que vejo pela última vez. Sempre achei que era muito apegada aos espacos, que os sítios onde morava ou onde gastava muito tempo passavam a fazer parte de mim. Isto, provavelmente, porque até há bem pouco tempo a minha vida se foi passando mais-ou-menos pelos mesmos cantos. Agora, ou desde há 3 anos para cá, näo páro muito tempo em lado nenhum. O ano que vivi nesta casa - que eu escolhi, que eu enchi e na qual me senti bem - vai ficar arrumadinho, empilhado em caixotes de cartäo, misturado com os copos, oselectrodomésticos e os livros. Mas sem grandes tristezas, qua afinal já aprendi: só se pensa para a frente. As memórias, essas, häo-de aparecer quando menos se espera. Näo se constroem agora.

terça-feira, novembro 27, 2007

Ontem foi muito bom

Josh Rouse

Era só isto. A música ali ao lado.

segunda-feira, novembro 26, 2007

Never adapted

Mais de dois anos depois, näo deixo de me sentir mascarada quando saio de casa escondida entre gorro, cachecol, casaco inchado, luvas e botas de pelo. Que isto de andar enterrada em winter gear näo é para pessoas com a minha altura.

domingo, novembro 25, 2007

Estava, na semana passada, bem mais velho do que aqui. Mas, enquanto passava por mim, continuava a oferecer sorrisos pelo Leblon e a deixar-me, a mim como a todas as mulheres por ali, encantada com a visäo. Devia ter ido falar com ele. Chico, te amo, faz uma música para mim?...

sábado, novembro 24, 2007

Mudar de casa mais uma vez. A cada vez, tenho que me reconstruir um bocadinho e criar mais um pedaço de mundo. De cada vez, deixo para trás uma vida antiga e tudo o que embrulhou os dias. E desta vez, deixo uma semi-surpresa que não me agradou e saio a saber mais da vida e das pessoas. Ainda que, às vezes, não goste de como se aprende, acho que gosto daquilo em que me vou tornando.

(Finalmente) O Rio

(Vista da minha janela)

Andando pelas ruas em passo lento e com roupas leves, passando por cariocas assobiando músicas felizes, bebendo águas de coco em cada quiosque, intervalos para mergulhos quando o sol calor apertava e o mar chamava, passando, dizia eu, leve pela vida feliz em potência, cruzei-me com o homem mais bonito do mundo. Descobri que é bonito porque vive ali. No Rio, também eu seria muito mais bonita.

sexta-feira, novembro 23, 2007

Uma Avó Feliz

Avó Zita,

Hoje lia um artigo sobre a Felicidade, sobre a motivação das pessoas e sobre os elevados índices de infelicidade dos portugueses.

Lembrei-me da Avó e de como contraria essa tendência lusa. Lembrei-me das brincadeiras trafulhas durante o Carnaval, das cantorias, dos desenhos com canetas velhinhas de feltro e dos rebuçados que enganavam as fastidiosas procissões. Dos fins-de-semana a apanhar cerejas, a regar os jarros no jardim e a apanhar as folhas da nespereira.

Lembrei-me das despedidas e da mão a acenar uma boa viagem, até ao próximo fim-de-semana.

Para uma grande Mulher - a quem a morte chamou cedo de mais - com um grande sentido de humor, divertida, abnegada e uma grande Avó, um beijo.

Onde quer que esteja terá, seguramente, um Feliz Aniversário e um sorriso rasgado expresso no rosto.

terça-feira, novembro 20, 2007

Experiência aterradora

Vai-se ao oftalmologista a pensar que, pelo menos, se sai de lá com a prespectiva de ver melhor. Nunca semi-cega. Engano.

Fui num saltinho, entre toneladas de trabalho pendurado, ver o estado em que andavam os meus olhos. Levei com umas gotinhas poderosas que me dilataram as pupilas. Tudo isto a bem do diagnóstico correcto. E até adormecer (ou até acordar hoje de manhä) näo consegui ver nada de perto, ler o que quer que fosse. O mundo ficou desfocado. E a vida chata (e atrasada). A partir de hoje os meus pensamentos estäo com as pessoas que realmente vêem mal.

domingo, novembro 18, 2007

Uma viagem relâmpago a Paris, mas que soube muito bem. O frio gelado saudou a chegada nocturna aos Champs-Elysées. O sol banhou a manhã no caminho de Faubourg Saint-Honoré até à Castiliogne. O Hotel The Westin apadrinhou a sessão de trabalho (intensa, há que dizê-lo). A greve nos transportes públicos marcou o percurso caótico até ao aeroporto e o voo quase perdido.

quarta-feira, novembro 14, 2007

Paris: Grèves du 14 novembre

Grèves du 14 novembre: négociations au ministère du travail, premières difficultés sur les routes

domingo, novembro 11, 2007

Parabéns Ana


30 anos no Páteu Alfacinha.

Um noite muito simpática.

quarta-feira, novembro 07, 2007

Cariocas

Lá vou conseguindo ver a chuva do rio e sentir a humidade quente na pele num boteco em frente à praia. Queijo frito, bolinho de bacalhau, carne seca e chopinho em conversa carioca. Que näo há Brasil melhor que o dos Brasileiros. E o jeitinho carioca...

segunda-feira, novembro 05, 2007

Paris e Private Equity

O que é que Paris e Private Equity têm em comum?
Diria que nada, ou muito pouco, não fosse Paris ter sido o local escolhido para a realização de uma reunião sobre o tema. E eu estarei lá (não se sabe bem porque, mas estarei, e com a lição muito bem estudada).

domingo, novembro 04, 2007

Nasceu.

E eu aqui. Ao pé do Cristo quando queria era estar ao pé da C. E do pai da C.

quinta-feira, novembro 01, 2007

Corrupção

O realizador João Botelho e a argumentista Leonor Pinhão não assinaram a ficha técnica de Corrupção, o filme que propõe uma adaptação livre baseada no livro de Carolina Salgado.

Divergências quanto ao final cut ditaram o corte de relações entre realizador e argumentista, por um lado, e produtor, por outro.

O produtor do filme, Alexandre Valente, não concordou com a montagem do realizador, e decidiu cortar algumas cenas, reduzir a duração do filme e alterar a banda-sonora escolhida por João Botelho. Como reacção, João Botelho e Leonor Pinhão decidiram não assinar a película.

Como avançou a imprensa, “o caso, inédito em Portugal, está nas mãos dos advogados (adivinhem quem!) de ambas as partes”.

Ontem foi a ante-estreia daquele que será – alegadamente, como agora se diz – um sucesso de bilheteira. Rumamos (o Pedro e a minha pessoa) a Alcochete (freeport de Alcochete!) para assistir ao tão aguardado momento. A projecção do filme foi antecedida por um concerto do Abrunhosa. Fiquei agradavelmente surpreendida com a qualidade do concerto e amei os novos arranjos para as velhas músicas dos Bandemónio. Socorro, 1994, Tempo, 1996 (e já lá vão mais de 10 anos).

Quanto ao filme, devo dizer que o que me levou a vê-lo foi o facto de ter acompanhado de perto o caso (o mesmo que está “nas mãos dos advogados”!) – e, por isso, ter convite! - e não por estar especialmente interessada no conteúdo e no lado cinematográfico de um filme que adapta o livro de Carolina Salgado.

No seu papel de (suposto) Pinto da Costa e Carolina, estiveram bem as interpretações de Nicolau Breyner e Margarida Vila-Nova. O suborno a árbitros, as casas da noite e as meninas pagas para agradar os presidentes dos clubes de futebol, as agressões, a violência, o tudo ou nada, o palavreado desbocado e o cinismo por detrás deste desporto são, por demais, evidentes. A ideia de corrupção perpassa os 93 minutos desta longa-metragem (que terá continuação, isto porque, é esperada uma série televisiva que dará continuidade ao filme).

Não é, seguramente, o melhor filme do ano, mas também não é mais um filme. Diria que é um filme que deve, pelo menos, ser visto pela coragem daqueles que se empenharam (independentemente das divergências) na adaptação do argumento, na realização, na produção, na caracterização dos personagens, na banda-sonora, trazendo ao grande-ecrã um tema sensível e que durante muitos anos esteve camuflado pela cor do dinheiro e pelo poder dos apitos dourados.

A festa continuou hollywoodescamente numa sala ao lado, com muita música, cocktails e caras-de-capa-de-revista-cor-de-rosa.