Deixar fugir o amor
(tudo porque o Arroz estava cru...)
"Top shelves Every booklover has their favourite shop, and while it's true that many independents have been driven out of business by online sales and supermarket bestsellers, you still don't have to look too hard to find one that's thriving. To prove it, Sean Dodson chooses the 10 bookshops from around the world which he considers to be the fairest of them all (...) 3) Livraria Lello in Porto Proving that purpose-built bookshops can be every bit as beautiful as converted buildings, the divine Livraria Lello in Porto has been selling books in the most salubrious of settings since 1881. Featuring a staircase to heaven and beautifully intricate wooden panels and columns (see for yourself with these gorgeous 360-degree views), stained glass ceilings and books - lots of lovely books. (...)" |
"Vem por aqui" --- dizem-me alguns com olhos doces, Estendendo-me os braços, e seguros De que seria bom se eu os ouvisse Quando me dizem: "vem por aqui"! Eu olho-os com olhos lassos, (Há, nos meus olhos, ironias e cansaços) E cruzo os braços, E nunca vou por ali... A minha glória é esta: Criar desumanidade! Não acompanhar ninguém. --- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade Com que rasguei o ventre a minha mãe. Não, não vou por aí! Só vou por onde Me levam meus próprios passos... Se ao que busco saber nenhum de vós responde, Por que me repetis: "vem por aqui"? Prefiro escorregar nos becos lamacentos, Redemoinhar aos ventos, Como farrapos, arrastar os pés sangrentos, A ir por aí...Se vim ao mundo, foi Só para desflorar florestas virgens, E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada! O mais que faço não vale nada. Como, pois, sereis vós Que me dareis machados, ferramentas, e coragem Para eu derrubar os meus obstáculos?... Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós, E vós amais o que é fácil! Eu amo o Longe e a Miragem, Amo os abismos, as torrentes, os desertos... Ide! tendes estradas, Tendes jardins, tendes canteiros, Tendes pátrias, tendes tectos, E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios. Eu tenho a minha Loucura! Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura, E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios... Deus e o Diabo é que me guiam, mais ninguém. Todos tiveram pai, todos tiveram mãe; Mas eu, que nunca principio nem acabo, Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo. Ah, que ninguém me dê piedosas intenções! Ninguém me peça definições! Ninguém me diga: "vem por aqui"! A minha vida é um vendaval que se soltou. É uma onda que se alevantou. É um átomo a mais que se animou... Não sei por onde vou, Não sei para onde vou, --- Sei que não vou por aí. José Régio |
Quando o Natal já faz parte do passado (recente), a passagem de ano também e quando o Dia de Reis já marcou a retirada das decorações natalícias, este post pode pecar por tardio. Contudo, nunca é tarde para relembrar um pedaço de tempo bem passado, um reviver de memórias, de pessoas, um sentir de raízes, de tradições, de lugares, de cheiros, de cores e de uma languidez gostosa. Dezembro de 2007: Portalegre ergueu-se radiosa para um Natal muito solarengo e frio. A cidade foi palmilhada com curiosidade, com espanto. As ruas, os becos, os cantos, as varandas caiadas, as barras de amarelo nas esquadrias das janelas, as casas brasonadas, as igrejas e os monumentos visitados deram azo a regozijo e à agradável constatação de que estávamos diante de uma cidade muito bonita, perdida num Alentejo (quase) esquecido. A Casa-Museu José Régio, o Castelo de Portalegre, o Convento de S. Francisco, a Sé, o Palácio Amarelo, as Portas da cidade e a muralha foram alguns dos marcos admirados e cuja história nos foi contada pela sapiência de quem habita e estuda a História das gentes e dos espaços da cidade. Nos limítrofes do município, o tempo convidou ao passeio. Revivemos Marvão e a sua Pousada de Santa Maria, descobrimos o Crato e a Pousada de Flor da Rosa, passeamos por Castelo de Vide, Urra e Portagem. Entre muito chá, muita conversa, muita música, muitas estórias de famílias e comadres, entre as iguarias costumeiras, a Missa do Galo e os presentes, o Natal, no Alentejo, foi em família e para a família. |
Arabia!